Concordância verbal – Parte II
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Confira o que você vai encontrar neste artigo sobre concordância verbal parte II:
- 00:00 – Boas-vindas
- 00:54 – Haja vista
- 05:57 – Parecer + infinitivo
- 09:57 – Sujeito composto
- 24:34 – Verbo ser
Concordância verbal – Parte II – Dá-se o nome de concordância ao mecanismo pelo qual as palavras alteram suas desinências para se adequarem harmonicamente na frase.
Regra geral – concordância verbal
Primeiramente é preciso que nós saibamos que concordância verbal diz respeito à relação sintática que se estabelece entre o verbo e o sujeito, é sempre feita do verbo com sujeito.
Por regra geral o verbo concorda com o sujeito em número e pessoa, apenas com o sujeito em número e pessoa ainda que estejam distanciadas entre si.
Então, a primeira preocupação é na identificação do sujeito, uma vez identificado o sujeito , é possível estabelecer a concordância adequada.
Exemplo:
Observe, como saber que documentos é o sujeito?
Formule a pergunta ao verbo, o que não chegou? Os documentos.
Se o sujeito é “os documentos”, ainda que esteja depois do verbo conduz o verbo obrigatoriamente ao plural.
Concordância verbal não é feita apenas quando sujeito está grudado ao verbo, é muito fácil você fazer concordância com sujeito está grudada ao verbo, por exemplo:
O menino saiu. – Sujeito no singular, verbo no singular.
Os meninos saíram – Verbo no plural , porque o sujeito está no plural.
Concordância é uma relação que se estabelece ainda que o sujeito esteja distante do verbo.
Obrigatoriamente, sempre que quiser estabelecer concordância, a primeira preocupação é identificar o sujeito:
- Sujeito singular o verbo no singular.
- Sujeito plural o verbo no plural .
Nesta aula trataremos de mais alguns assuntos:
- Haja vista
- Parecer + infinitivo
- Sujeito composto
- Verbo ser
Haja vista
Em termos de concordância verbal, a expressão: haja vista, no sentido de “considerando”, de “tendo em vista”, ou seja, na indicação de causa, admite três construções:
– Haja vista os novos casos de coronavírus, o governo adotou determinada providência.
– Hajam vista os novos casos de coronavírus, o governo adotou outras providências (flexionando o verbo)
– Haja vista aos novos casos de coronavírus, o governador outras providências.
Pode-se então manter a expressão invariável: haja Vista, pode flexionar o verbo dizendo: hajam vista ou pode manter a expressão invariável: haja vista mas mudar a regência acrescentando uma preposição. As três construções são legítimas igualmente corretas.
NOTA: se você flexionar o verbo, não pode mexer com a regência. Se você não flexionar o verbo pode manter a expressão invariável.
Nos três casos a palavra vista se mantém inflexível invariável, essa é a questão. Ou seja, é inadmissível dizer: haja visto, haja vistos ou haja vistas. A palavra vista não se altera.
Agora nessa expressão: Espero que Manu haja visto o eclipse. Nós temos uma locução verbal com o verbo “haver” auxiliar mais o verbo “ver”.
Em síntese, não se admite dizer “haja visto” com a ideia de causa, de considerando tendo em vista.
Parecer + infinitivo
Sempre que o verbo “parecer” vier seguido de qualquer outro verbo no infinitivo, um dos dois irá se flexionar. * um dos dois, nunca os dois.
Parecer + infinitivo= um dos dois
Os meninos parecem entender os motivos
Quando há um verbo auxiliar mais um principal, sempre o auxiliar é que concorda com o sujeito.
No entanto como se trata do verbo “parecer” acompanhado de um verbo no infinitivo (terminados em ar, er ou ir), é facultada a concordância, flexionando o segundo verbo. Portanto podemos dizer de igual modo que:
– Os meninos parece entenderem os motivos
– As estrelas pareciam brilhar no céu
– As estrelas parecia brilharem no céu
– Vocês parece não estarem acreditando nisso
– Vocês parecem não estar acreditando nisso
Por mais que soe estranho, a frase está correta. Pois se aplica SOMENTE AO VERBO “PARECER”, e a nenhum outro mais.
Sujeito composto
Um dos casos mais importantes de concordância verbal, sujeito composto.
Para que nós saibamos fazer a correta concordância, é preciso observar a posição desse sujeito.
Sujeito composto anteposto
Quando o sujeito composto vem anteposto ao verbo, ocorre obrigatoriamente o plural. Concordância lógica.
Outros exemplos:
Pai e filho precisam de diálogo.
O céu e a terra passarão.
Sujeito composto posposto
Quando o sujeito composto vem posposto ao verbo, o verbo vai ao plural (concordância lógica) ou concorda com o núcleo mais próximo (concordância atrativa).
Observação:
Há casos em que o sujeito composto, mesmo anteposto, admite o verbo no singular.
a) quando os núcleos do sujeito são sinônimos ou quase sinônimos:
Medo e pavor faz (ou fazem) a pessoa ver fantasmas.
Uma paixão, um amor, um carinho, um simples afago satisfaz (ou satisfazem) a moça.
c) quando os núcleos do sujeito são dois infinitivos, ocorre apenas o singular:
Amar e sonhar faz parte da vida de todos.
d) quando os infinitivos exprimem ideias opostas, ocorre apenas o plural:
Amar e odiar fazem parte da vida de todos.
Sujeito composto com ou
Quando o sujeito composto tem seus núcleos ligados pela conjunção ou, é preciso observar o seguinte:
a) se o ou exprimir ideia de soma, adição, o verbo vai ao plural:
Exemplos:
Física ou Matemática exigem raciocínio lógico.
Fluminense ou Real Madrid são times da elite do futebol mundial.
b) se o ou exprimir ideia de exclusão, o verbo ficará no singular:
Pedro ou José desposará Teresa.
Fluminense ou Real Madrid será o próximo campeão mundial interclubes
Sujeito composto ligado por com
Quando o sujeito é composto e tem seus núcleos ligados pela preposição com, o verbo vai, de preferência, ao plural; admite-se, entretanto, a concordância enfática com um dos núcleos.
Exemplos:
O ministro com seu assessor desembarcaram (ou desembarcou) em Brasília.
O réu com um menor invadiram (ou invadiu) a casa da vítima para matá-la
Observação
Caso o termo precedido da preposição venha isolado por vírgula, passará a ser adjunto adverbial de companhia, e o sujeito deixará de ser composto.
Sujeito composto resumido por pronome indefinido
Quando o sujeito composto vem resumido por um pronome indefinido, o verbo concorda com esse termo resumidor.
Amigos, parentes, vizinhos, ninguém entendia seus hábitos reclusos.
Flores, móveis, esculturas, tudo combinava naquela casa.
Balas, biscoitos, chicletes, nada agradava ao menino.
Sujeito composto de pessoas diferentes
Quando o sujeito é composto de pessoas gramaticais diferentes, o verbo vai ao plural concordando com a pessoa numericamente inferior.
Eu, tu e ele procuramos outra atividade.
Tu e ele, procurastes outra atividade casa.
Apenas Jairo e eu não sabíamos o resultado do jogo.
Observação
Quando há tu e ele, o verbo também pode ficar na terceira pessoa do plural:
Tu e ele procuraram outra atividade.
As expressões um e outro / nem um nem outro / um ou outro
Quando o sujeito é composto e vem formado pela expressão um e outro, o verbo vai, de preferência, ao plural; já com as expressões nem um nem outro e um ou outro o verbo fica, de preferência, no singular
Exemplos:
Vi dois filmes: nem um nem outro me agradou.
Um ou outro ator poderá ganhar o prêmio da academia.
Ele contratou duas secretárias, mas uma e outra o decepcionaram.
Observação:
Vários exemplos, no entanto, têm sido usados por bons autores da língua, em que a concordância com essas expressões contraria a regra acima:
Vi dois filmes: nem um nem outro me agradaram.
Ele contratou duas secretárias, mas uma e outra o decepcionou.
Verbo ser
O verbo SER é o mais difícil em termos de concordância, haja vista que ora concorda com o sujeito, ora com o predicativo; além disso, é considerado o único verbo impessoal que pode ir ao plural concordando com o predicativo.
Regra geral
O verbo concorda com o sujeito e apenas com sujeito em número e pessoa.
O verbo SER é o único que pode simplesmente ignorar o sujeito e concordar com outro termo.
Portanto, apenas o verbo ser, nenhum outro verbo.
O verbo SER é o único que simplesmente pode ignorar sujeito e concordar com predicativo.
Vamos aos casos:
a) quando o sujeito do verbo ser é um dos pronomes interrogativos quem ou que, o verbo concorda com o predicativo.
Outros exemplos:
Quem seriam os vândalos que picharam o monumento?
Que são flores astrais?
Quem eram aqueles rapazes com quem conversavas?
Que são verbos vicários?
b) na indicação de data, hora ou distância, o verbo ser concorda com o numeral, se houver mais de um concorda com o mais próximo (que atua como predicativo).
Se a palavra DIA estiver presente, concorde com ela.
Distância:
Outros exemplos:
Hoje é primeiro de agosto.
Agora são duas horas e cinco minutos.
Agora é meio-dia e meia.
Agora é uma hora e cinquenta e nove minutos naquele relógio.
Daqui a Caldas Novas são mais de trezentos quilômetros.
c) quando há nomes próprios ou pronomes pessoais, o verbo ser concorda com eles, independentemente de estarem exercendo função de sujeito ou de predicativo.
O verbo SER concorda com o nome próprio.
Outros exemplos:
Fred é as esperanças de gol do Fluminense.
As esperanças de gol do Fluminense era Fred.
Isso também com o pronome pessoal.
Ela sempre foi as preocupações da família.
As preocupações da família sempre foi ela.
d) quando o sujeito é um pronome indefinido ou demonstrativo, o verbo concorda com o predicativo.
Outros exemplos:
Isto são bobagens, meu filho, bobagens.
Aquilo eram tolices de adolescentes.
O que preocupava a torcida eram as derrotas sucessivas do time.
Nesses casos, aceita-se, todavia, a concordância com o sujeito. É uma concordância admissível, porém, é preferível utilizar o exemplo acima.
Tudo é flores nesta casa.
Aquilo era tolices de adolescentes.
e) as expressões é muito, é bastante, é suficiente, é demais, quando indicam peso, medida ou quantia, são invariáveis.
Duzentos reais é suficiente para almoçar.
Quarenta e dois quilômetros é demais para correr em um só dia.
Dez funcionárias é muito para esse serviço.
f) quando tanto o sujeito quanto o predicativo são formados por substantivos comuns, um no plural outro no singular, o verbo ser concorda com o que estiver no plural.
Outros exemplos:
O mundo são ilusões passageiras.
Meus sonhos são minha razão de viver.
É cabível, no entanto, o verbo no singular, para destacar o substantivo singular.
“O rebanho é meus pensamentos.” (Alberto Caeiro)