Uso dos PORQUÊS
O porquê tem dado muita dor de cabeça a todos que o escrevem. Por que será? Será por quê? Será porque é mesmo difícil?
Pelos exemplos acima, você verifica que usamos o porquê de quatro maneiras, reparou? Então vamos relembrar seu emprego.
PRIMEIRA REGRA— POR QUE (separado, sem acento)
É usado em duas situações:
a) em perguntas diretas ou indiretas, no início ou meio de frase; trata-se da preposição por acompanhada do pronome interrogativo que. Neste caso, sempre cabe a palavra razão.
Por que (razão) trabalhas tanto?
Não sei por que razão trabalhas tanto.
b) em construções em que pode ser trocado por pelo qual e flexões; trata-se da preposição por acompanhada do pronome relativo que.
“Só eu sei as esquinas por que (=pelas quais) passei.” (Djavan)
Conheci o rapaz por que (=pelo qual) tua filha anda apaixonada.
SEGUNDA REGRA— POR QUÊ (separado, com acento)
É usado em:
a) perguntas diretas ou indiretas sempre no fim de frase; também se trata de pronome interrogativo que precedido da preposição por; é possível subentender a palavra razão.
Trabalhas tanto por quê (razão)?
Saíste daqui e nunca me disseste por quê (razão).
TERCEIRA REGRA— PORQUE (junto, sem acento)
Trata-se de conjunção e é usado em:
a) respostas no início ou meio de frase.
Trabalho porque preciso.
Porque conheço você, não acredito nessa história.
Venha agora, porque o chefe está chamando.
b) pergunta-resposta.
Não trabalhaste porque estavas doente?
Ela não confia mais em mim; será que é porque menti para ela?
c) lugar de para que (indicando finalidade).
Meu filho, estude porque (= para que) você faça uma boa prova.
Chegue mais perto porque (= para que) todos possam vê-lo melhor.
QUARTA REGRA— PORQUÊ (junto, com acento)
É usado quando:
a) se trata de substantivo; neste caso, vem sempre determinado (mormente pelo artigo).
Não entendi o porquê da sua dúvida.
Tanto porquê me deixa confuso.
b) a resposta fica reticente (incompleta).
Cheguei atrasado porquê … ora, nem sei.